Escalada protege vizinhos ricos

 Emirados se beneficiam de aumento do preço do petróleo

À sombra da escalada militar no Golfo Pérsico, pequenos países ricos da Península Arábica, menores ainda que o Kuwait, buscam acomodar-se às circunstâncias. Protegidos pela força multinacional que se instalou na Arábia Saudita, também usufruem dos aumentos do preço do petróleo provocados pela própria crise que os ameaça. Enquanto o mundo concentra sua atenção no perímetro de expansão das tropas iraquianas, os Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Bahrein se beneficiam de relativo anonimato.

A atual crise no Golfo teve como ponto de partida uma ofensiva verbal iraquiana, que, em meados de julho, apontava como inimigos o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos, acusados de roubar petróleo e representar os Estados Unidos na região. A ação militar que se seguiu duas semanas depois e levou à “anexação” do Kuwait foi contida na fronteira saudita.

Se com essa investida o Iraque duplicou suas reservas de petróleo para 20% do total mundial, os Emirados continuam sozinhos com outros 11% dessas reservas. E, assim como o Kuwait, também ultrapassaram sistematicamente as cotas de produção estabelecidas pela Opep, pravocando desde o inicio do ano a queda nos preços denunciada por Saddam Hussein.

Mas os Emirados não são os únicos alvos na mira de Hussein. Todos os pequenos países que margeiam a Peninsula Arábica têm características comuns para despertar cobiça: Exércitos minúsculos, livre acesso para o mar e, na porção oriental, muito petróleo. O atual esforço de Bagdá para fazer as pazes com o Irã põe fim a uma outra experiência infeliz, em que o inimigo foi subestimado. Se o objetivo imediato da guerra contra o Irã (1980-88) era o controle do Arabistão — onde se concentram as principais reservas petrolíferas iranianas e a gigantesca refinaria de Abadã —, a riqueza dos pequenos emirados é igualmente atraente.

Enquanto as grandes máquinas de guerra engatilhadas não começam a disparar, os minúsculos, frágeis e ricos aliados do Kuwait se mantêm em prudente silêncio e buscam obter o melhor da situação.

Publicado no Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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